Com o tema “Adolescências em Cena”, a 4ª edição dos Caminhos Literários no Socioeducativo, foi realizado nos dias 3, 4, 8 e 9 de julho, com uma programação voltada à aproximação de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas ao universo da arte, cultura e audiovisual.
A ação é promovida pelo Conselho Nacional de Justiça, através do Programa Fazendo Justiça (Conselho Nacional de Justiça/Programa das Nações Unidas) em parceria com o Projeto Leitura Abre Portas, iniciativa do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), por meio da Biblioteca e do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo (GMF), em parceria.
Um mês antes da abertura, foram realizadas atividades com os adolescentes para aproximá-los da temática audiovisual, como oficinas de fotografia ministrada por Orib Ziedson e exibição de filmes, curtas e documentários com o apoio do SocioEducacine/Coordenadoria da Infância e da Juventude/TJRR. Como resultado da oficina de fotografia, os adolescentes do Semiliberdade produziram um vídeo para veiculação nacional durante o evento.
A abertura institucional ocorreu no dia 3 de julho, com transmissão ao vivo pelo canal oficial do CNJ no YouTube. O evento abordou o direito à cultura como elemento essencial na trajetória de adolescentes em situação de vulnerabilidade e do Sistema socioeducativo.
De acordo com o Diretor de Apoio Direto do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo (GMF), Dagoberto Gonçalves, essas iniciativas são fundamentais para fortalecer o acesso à leitura e à cultura entre esses jovens.
“O CNJ e o Projeto Leitura Abre Portas fomentam a indução dessa leitura para esses adolescentes privados de liberdade ou no semi internamento. O GMF, em parceria com a biblioteca aqui do Tribunal de Justiça, com apoio de toda a gestão, leva esse acervo bibliográfico a trabalhar com esses adolescentes. Para nós, é muito gratificante, nos enche de orgulho e nos mostra que estamos seguindo o caminho correto.”
No dia 4 de julho, a Unidade de Semiliberdade recebeu a oficina CineJuventude, facilitada pela escritora e roteirista roraimense Jama Wapichana, que estimulou os participantes a criarem roteiros e a explorarem narrativas inspiradas em suas vivências. A atividade teve como objetivo incentivar a criatividade e oferecer novos caminhos de expressão. A roteirista descreve sua experiência durante a troca de conhecimento:
"Tive a oportunidade de compartilhar meus conhecimentos sobre roteiro e cinema com jovens talentosos. Foi incrível ver a criatividade e o engajamento deles! A experiência foi enriquecedora para mim e para os participantes."
Para o diretor de Gestão Documental do TJRR, Arthur Azevedo, as ações desenvolvidas vão além do entretenimento e contribuem diretamente para a formação cidadã dos adolescentes.
“Os jovens participaram de oficinas de gravação de curtas-metragens e de elaboração de roteiros. Eles se envolveram, imaginaram, desenvolveram o pensamento criativo e construíram pequenas tramas inspiradas no cotidiano.”
Na mesma data, o Centro Socioeducativo Homero de Souza Cruz Filho (CSE) realizou uma programação que contou com o apoio da Secretaria de Cultura e Turismo- SECULT, por da Biblioteca Pública de Roraima, que disponibilizou o MovCeu, (van com biblioteca, estúdio para produção e edição audiovisual, óculos de realidade virtual, palco montável, projetor e telão), produção musical e outras atividades culturais.
A secretária de Estado do Trabalho e Bem-Estar Social, Tânia Soares de Souza, comentou sobre a atuação conjunta entre as instituições.
“É uma parceria extremamente benéfica e produtiva, que possibilita um trabalho mais significativo com os adolescentes do sistema socioeducativo. O que se percebe é uma rede de proteção e desenvolvimento presente nesse contexto.”
A música também esteve presente na programação. O produtor cultural João Felipe, conhecido como Caboco Beats, ministrou uma oficina de beatmaking, introduzindo os adolescentes ao universo do rap e do hip-hop.
“Acredito que o acesso ao direito cultural é essencial para o desenvolvimento cidadão. Além disso, a produção musical pode, para alguns, pode tornar-se uma alternativa profissional no futuro.”
A bibliotecária Madrice Cunha ressaltou a importância da participação dos adolescentes em atividades culturais.
“Todo cidadão tem direito à cultura. Essa ação existe para garantir que esse direito também seja exercido pelos adolescentes. Vejo que o sistema socioeducativo de Roraima está ativo e atuante, com o apoio do Tribunal, por meio do projeto Leitura Abre Portas.”
Já o diretor do CSE, Genildo Pedro da Silva, avaliou os impactos do projeto no processo de ressocialização.
“Essas atividades ampliam as oportunidades e mostram aos adolescentes possibilidades que talvez não tivessem enxergado antes de ingressar no sistema.”
A programação do projeto foi concluída nos dias 8 e 9 de julho, com encontros virtuais restritos às unidades socioeducativas e teve 100% de participação dos adolescentes, onde foram apresentados projetos e experiências culturais desenvolvidas pelos próprios adolescentes, ampliando o alcance das ações e os espaços de participação.
Na matéria contém duas imagens. Abaixo a descrição
Foto 1: Imagem colorida mostra uma pessoa segurando um disco de vinil coberto por plástico. A pessoa veste um calção azul e parte de uma camiseta branca. Outra pessoa e um objeto colorido são visíveis ao fundo.
Foto 2: Imagem colorida mostra uma mão alcançando um livro em uma prateleira branca. Ao fundo, uma parede clara e reflexos sutis são visíveis.
Texto: Emily Soares - Jornalista / Maurício Fernandes - Estagiário de Jornalismo
Imagens: NUCRI/TJRR
JUNHO/2025 - NUCRI/TJRR